«•H€££º°£Ï£Ï†H°º•» soltando o verbo...

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Aqui a vida não existe.
Lá fora há ruas, casas, jardins, pessoas,carros, movimento, barulho.
Mas aqui, dentro destas quatro paredesbrancas e nuas, a vida não existe.
Acorrentada a esta cama de ferro, otempo não passa.
Tento falar, tento pedir que me desacorrentem, tentofazer um único barulho para chamar a atenção.
Mas nenhum som sai daminha boca.
Os sedativos estão a deixar de fazer efeito.
Ninguém me ouve a pedir ajuda?
Ninguém me ouve a pedir que me libertem?
Ninguém meouve a implorar por mais calmantes?
Dentro deste quarto branco e nu,deitada nesta cama fria de ferro, apenas os calmantes impedem que lutecontra estas correntes, apenas estas correntes impedem que me volte amagoar.
Porque eu magoo-me.
Porque eles tentam curar as feridasexteriores com álcool e ligaduras.
Tentam curar as feridas interiorescom comprimidos.
Mas isso é impossível.
Se me tirarem as correntes, asferidas exteriores voltam a abrir-se.
Se me deixarem de darcomprimidos, as feridas interiores voltam a abrir-se.
Portanto, a cura é impossível.
A cura comigo não dá resultado.
Mas ajuda a aguentar.
Láfora há arco-íris, há um mundo multicolor.
Cá dentro só há branco.
Porisso fecho os olhos.
Para mergulhar no preto.
Porque o branco está adeixar-me louca.
Ainda mais louca do que estava quando cá entrei.
Quero comprimidos.
Quero uma lâmina.
Quero alguma coisa ou alguém que transforme o branco em arco-íris.
Ou em preto.
Preciso fugir.
Preciso voar para longe.
Tu. foge comigo.
Voa comigo.
Agarra-me quando cair e bater no chão.
Quando descobrir que não tenho asas.
Tu tens asas.
Emprestas-me as tuas?
Ou ensinas-me a fazer umas para mim?
Vamos cair no meu jardim secreto.
Um jardim só meu, mas que não me importo departilhar contigo, se quiseres vir.
Vamos correr e saltar e rir no meiodas papoilas.
Vamos cair no meio das nossas flores de papel, no cimo danossa colina.
Vamos deitar-nos ao lado um do outro e ver as nossasnuvens cinzentas e o nosso céu roxo voar por cima de nós.
Vamos dormiraté o céu e o chão se fundirem e nos engolirem.
Protege-me até ao fimdo nosso dia.
Um dia que tem a duração de um sedativo.
Fica comigo até ao momento em que os comprimidos deixarem de fazer efeito e as feridasinteriores voltarem a doer, cada vez com mais força.
Até ao momento em que os pulsos, os braços, os dedos voltarem a sangrar.
Fica comigo.
Protege-me do que eu quero.
Protege-me destas paredes brancas.

Texto By Lilith (( Obrigado pelo texto linda ))

Se calhar não sabias, mas andava por aí meia perdida...
sobrou tanto em mim para contar
mas não encontrei ninguém que me indicasse a saída
então limitei-me a sentar no banco e esperar.
só me senti sozinha quando não estavas aqui para me fazer dormir
quando não havia o teu cheiro para me anestesiar da dor...
e tu alteraste o meu sentido de olfato
fizeste tudo progredir na dimensão do tacto
apanhei-me literalmente a snifar-te o odor
comecei a contar o tempo pelos segundos já que nunca ninguém o fazia...
apercebi-me que os sentimentos são intrusos
quando olhava para a nossa fotografia
por momentos rezei para ter um enfartemas oh...
não sei como o fizeste, simplesmente despegaste o cimento dos meus sapatos
descreveste o quão os meus problemas são insensatos
e incrivelmente fizeste-me descobrir o que significa uma flor
uma qualquer, nem que seja para classificar amor
e ainda me ensinaste a dizer mentiras só para me encontrar contigo a horas inadequadas
ajudaste-me a registrar com beijos todas as indecencias por nós partilhadas
inventaste mais de mil posições para me abraçares
4759837 formas para me beijares
e finalmente explicaste-me o que é gostar
o quão preenchido fica o meu coração quando estás aqui
e agora vais ter de me ajudar...
é que já não sei viver sem ti.

By Lilith

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